quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meus Cinco Anos

O Pica-Pau batendo
na janela do oitão,
e no meio de botões,
a criança se entretendo,
amedrontada e sozinha,
rezava baixinho
para o temor lhe passar.

Lá fora, as vacas mugindo,
o leite quentinho ordenhado
o sol que nasce acanhado,
o orvalho do pasto sumindo
e dentro da casa grande,
aquela criança, sozinha.

Retumbava passos fortes
e o latir do cão faceiro.
Era a vó com a mamadeira
que trazia no suporte
o alimento prá criança
que alegre lhe saudou.

Passou-lhe o medo,
passou-lhe a solidão.
Guardou botão por botão.
Era ainda muito cedo,
no colo gordo da vó,
aconchegou-se a criança.

Essa criança, hoje adulta,
ainda está crescendo.
Seu interior incompleto
como estátua inacabada
parou no meio:
Da juventude e maturidade,
alucinada e pálida,
com saudades da mãe-vó.


Essa poesia foi feita lembrando o fato de quando nos meus 5 anos, minha Mãe-Vó, quando ia de madrugada tirar o leite das vacas na mangueira, me deixava entretida com um vidro cheio de botões, que eu esparramava na cama e brincava até ela chegar com a mamadeira e aí, o medo passava, pois tinha um Pica-Pau que batia no oitão da casa e eu tinha muito medo, mas lembro, que não chorava de medo... Eu aguentava firme, até minha vó chegar.

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