quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma Casa que Fala

            Gosto de contemplar uma casa enfeitada pela natureza. Sou caseira, adoro casas. Casas que falam, com árvores e jardins, trepadeiras que descem e sobem os muros, árvores enormes, sombra de frescor inigualável nos verões de nossa Terra. E a casa, com toda essa natureza viva que enfeita e ilumina, parece que fala! Ela emite sons. Deve ser dos passarinhos que, de galho em galho, na primavera fazem seus ninhos e um rebuliço nos quintais; pode ser também que, nos ventos, o farfalhar das folhas das árvores se esticam e fazem sua ginástica alongada.

Há uma grama verdinha nos quintais, com trilhas de pedras que se aproximam de riachos e pequenas cascatas – é o paraíso em flor. Imagina o céu azul espelhado nesse lago!  Com uma casa assim, seu dono tem que amar as folhas que caem no outono. Ele tem que ser um nato jardineiro e saber sentir as plantas, conversar com cada broto que nasce e dar sempre boas vindas a cada primavera que vem. Bem vinda à primavera! A natureza realça o seu brilho e o esplendor em cores que dão o maior espetáculo da Terra.

Uma casa que fala sempre tem um gato em cima da poltrona, um cachorro faceiro encontrando o seu dono. Ah! Uma casa que fala, lá no fundo do quintal, tem um galinheiro. Nas madrugadas o galo canta, anunciando o alvorecer de um novo dia.  E, quando a galinha põe o ovo a cacarejar, faz a festa como se dissesse: “Vamos fazer essa casa falar!”. E dentro dessa casa, a gente olha as paredes e lá se encontram sempre fotos da família e, então, nos perdemos, admirando: “Olha como era o fulano! Já morreu! Está muito velho!”, coisas assim. Pinturas diversas, que a gente se perde a olhar e jamais se sente só, porque essa casa fala.

     A natureza, por si só, abraça essa casa, porque a casa faz parte dela. Cria uma energia que envolve seus moradores que se perdem no olhar, vendo a flor que plantou ontem e hoje desabrochou. Pendente os gerânios nas floreiras das janelas, no outro lado as alamandas amarelas e as azaléias brancas, rosas e vermelhas. Um show de cores que faz com que a alegria dos olhos seja esse espetáculo, fazendo a alma sentir mais rica, mais forte, mais sensível. Porque nessa casa, onde domina a essência da natureza, existe um som. O som da voz dos espaços e das dimensões, que provoca a necessidade de meditar e agradecer a Deus por tudo isso – porque ESSA CASA FALA!

Crônica que conquistou o 1ºlugar no Concurso de Crônicas da ACAM de 2011.
   

Um comentário:

  1. Adorei Lourdes, me fez sentir-me em casa...por que minha "casa fala" comigo todos os dias!!! Beijo!!Angelita

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